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O MESTRE DE CAPOEIRA MAIS ANTIGO DO RIO DE JANEIRO

July 23, 2021

Essa semana a capoeira do RJ e do Brasil está em festa, por poder comemorar o aniversário do mestre de capoeira mais antigo do RJ e um dos mais antigos do mundo, mestre Mário Santos, mais conhecido como MÁRIO BUSCAPÉ.

Nascido no recôncavo baiano, teve uma infância pobre, em São Francisco do Conde, em 17 de julho de 1934. Criado em uma família de capoeirista, pois além do pai (Mestre BIDÉU) teve também um tio (lendário mestre DENDÊ) e ainda um primo na arte (mestre ROQUE, o terceiro mestre mais antigo do RJ) não tardou a começar a brincar também de capoeira. Nesse cenário, banhado pelo legado ensinado na região por ninguém menos do que BESOURO MANGANGÁ (escrevi sobre ele no meu perfil, conheça sua história através do link: , uma lenda dentro da capoeira, que era muito amigo da família, assim o menino Mário foi dominando a arte da ginga.

Em 1952, a família vem para o Rio de Janeiro, na época capital do país, em busca de melhores condições de vida. Em 1953, Mestre Mário entra para o serviço militar, lá começou a ensinar capoeira para Irineu no quartel, após uma discussão envolvendo uma brincadeira de “BATISMO”, quando ele avisou que bateria em quem botasse a mão nele. Ao invés de inimigos, ganhou alunos que se estenderam para for a dos muros da caserna. Seu primeiro aluno foi IRINEU que gostou tanto que trouxe seus 5 irmãos (DERALDO, CHICO, LOURIVAL, ZÉ GRANDE e JOÃO). Assim nasce o grupo de capoeira BONFIM, um dos mais importantes da história da capoeira brasileira, em 1953.

O Grupo da BONFIM nasce fazendo uma homenagem a Bahia, sua terra natal, e traz o desenho da Igreja do Bonfim no símbolo. O GATO PRETO foi inserido por motivo religioso e o desenho representa um voo do morcego, um salto que era característico da capoeira do mestre (Voo do morcego aplicado em uma apresentação). Nessa época, o mestre não ensinava musicalidade e havia os tocadores de berimbau, que na Bahia eram chamados de MESTRES DE BATERIA. Segundo Mestre PAULINHO SALMON (um dos alunos ainda vivos do mestre), quem tocava berimbau era MUCUNGÊ, considerado por mestre Paulinho o melhor tocador de berimbau do Rio de Janeiro da época. Até início da década de 70, os mestres de bateria da Bonfim, além do Mucungê eram: VALENTIM, BAIANO e ROQUE. A mesma era composta por 3 berimbaus, 1 agogô, 1 pandeiro e 1 reco-reco.

Na década de 50, mestre Mário conheceu ARTUR EMÍDIO (também já escrevi sobre ele no meu perfil, conheça sua história através dos links: https://www.facebook.com/andre.marinho.9277/posts/10214148117763377 ou https://www.instagram.com/p/BvuNglUgKkg/?utm_medium=copy_link&fbclid=IwAR04GahLJCh-yviEbIkWDvfNmNmmUH3Egj87OvrgRM0Xoz6zxEmCWD7Fh84 ), e achou o jogo dele muito bom e rápido, por isso adaptou o seu jogo e levantou a altura de seus movimentos oriundos da capoeira angola aprendida no Recôncavo, ele cria uma releitura da capoeira de sua época, por isso sua escola pode ser considerada como uma das 4 grandes vertentes que surgiram na zona norte do RJ. São as Escolas de capoeira dos mestres: Artur, Paraná, Mário e Roque.

Em 1969, Mestre Mário voltou para Bahia alguns alunos passaram a dar continuidade ao grupo, chegando um tempo receberem apoio até do BANCO DO BRASIL. Seu uniforme de apresentação era calça branca, tênis branco da marca conga e blusa listrada branca, vermelha e azul. Enquanto isso outros alunos criaram novos grupos, um dos mais famosos foi o GUANABARA, que chegou a criar um grupo de show e se apresentavam junto com o bloco carnavalesco BAFO DA ONÇA (famoso na época).

O mestre voltou ao RJ, em meados do ano 2000, e causou um grande furor na cidade, pois muitos acreditavam que ele não estava mais vivo, pois perderam contato no longo tempo que ele esteve na Bahia. E o mais surpreendente é que ainda jogava e joga até hoje. O mestre PAULINHO SALMON se tornou o detentor desse acervo e chegou a escrever um livro sobre a vida e as aventuras dessa lenda viva (a obra hoje se tornou uma raridade).

Mário Buscapé foi testemunha ocular da vida cultural da cidade carioca na década de 50 e 60 e representa uma geração de CAPOEIRISTAS BAIANOS ANGOLEIROS que vieram para o RJ e plantaram suas sementes. A releitura feita pelo mestre criou o estilo único de jogar capoeira que a BONFIM possui e é mantida por alguns dessa linhagem.
Salve a história da capoeira do Rio de Janeiro !!!!

Aqui o terreiro também tem axé ….

André Luiz S. Marinho

(Contramestre de capoeira Angola e pesquisador de cultura popular)

Veja mais sobre cultura brasileira:

Facebook – André Marinho
Instagram – @bondeangola (Link: https://www.instagram.com/p/CR0G-pkMaSB/?utm_medium=copy_link)

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