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WHYDAH – O maior navio negreiro do mundo 

May 18, 2023

Há 306 anos atrás (no dia 26/04/1717) naufragava nas costas norte-americanas o famoso SAM BELLANY, o príncipe dos piratas. Foi um pirata inglês do início do século XVIII, que teve uma ascensão meteórica na pirataria inglesa. 

Segundo a lenda local, teve um caso com uma moça chamada Maria Hallett e em busca de dinheiro para casar com ela aceitou tentar resgatar o tesouro da frota da prata espanhola que havia afundado na costa da Flórida. Sendo mal sucedido, entrou na tripulação do capitão pirata Benjamin HORNIGOLD. Com o tempo, Samuel assumiu o comando do navio (Mary Anne) por decisão da tripulação, irritada pelo fato do capitão não atacar navios ingleses por ser seu país de origem. Em um ano, como chefe dos piratas já tinham atacado mais de 50 navios e tornou-se um temido pelas cortes europeias. 

Passou a ser chamado de “Black Sam” por ao invés de usar a então peruca branca, amarrava em volta da cabeça seu longo cabelo preto em um laço simples, também era conhecido pela sua misericórdia e generosidade para com aqueles que capturava em suas incursões. Logo em seguida, ele também capturou um grande navio comercial da época chamado SULTANA, o qual passou a comandar e deu o comando do MARY ANNE para seu braço direito, Paul Willians.  

Na mesma época, havia sido fabricado na Inglaterra um dos maiores navios negreiros da história, o WHYDAH, em homenagem a cidade de UIDÁ, localizada no atual Benin, cidade estratégica para a nefasta escravização de africanos para a América, devida sua posição geográfica. Era um gigante 300 toneladas, e costumava fazer a rota Inglaterra – África – Caribe – Inglaterra. No ano de 1717, ele teria atracado no Forte de Ajudá e embarcado 500 africanos para levar até o Caribe. Após aportar, o Whydah em meados de março partia de volta para a Europa carregado de muito ouro e alguns negros. 

Ciente dessa rota e com algumas informações privilegiadas, Black Sam Bellamy percebeu que poderia cruzar com o poderoso Whydah decidiu então caçá-lo. A perseguição durou três dias, durante os quais Bellamy e sua tripulaçãp observaram o Whydah para contar a tripulação dele e saber quantos membros estavam armados. Sua captura foi um dos maiores assaltos da história. 

Especialistas estimam que o tesouro a bordo do navio era de cerca de 4,5 toneladas em ouro e prata. Registros indicam que ele teria dado liberdade aos negros escravizados em troca de fidelidade encontrados na embarcação. E não seria a primeira vez, já que a diversidade cultural era uma característica dos navios piratas. le assume o navio e divide a tripulação com o Mary Anne. O Sultana é entregue aos oficiais do Whydah como prova de benevolência. Então, eles seguem viagem, mas infelizmente sua tripulação nunca chegaria ao seu destino. 

Sam tinha noção de seu feito. Além da grande quantia de ouro que obteve, formava uma poderosa esquadra pirata, a partir daquele momento. Ele foi para a costa de Cape Cod enquanto Paul Willians seguiria viagem para a Europa. Uma violenta tempestade encerrou a vida de aventuras do famoso pirata acabou por ser arrastado até uma praia perto do que hoje é Wellfleet, em Massachusetts. Cento e três corpos foram reconhecidos após serem trazidos pela maré e foram enterrados pelo legista da cidade, deixando 43 corpos desaparecidos. O Mary Anne” também foi destruído na tempestade, deixando seis sobreviventes.

Os que restaram dos barcos foram capturados e julgados por pirataria em Boston, sendo seis enforcados em outubro de 1717. Dois foram libertados, pois o tribunal entendeu que haviam sido forçados para cometer os crimes. 

Tudo isso foi possível descobrir devido as explorações realizadas pela equipe de BARRY CLIFFORD, junto com os autos do processo e em 1984 os restos da embarcação foram encontrados. A nave não era vista há 260 anos. Durante um processo de recuperação minucioso, Barry e sua equipe eventualmente tiraram mais de 200.000 pedaços de tesouro da água. O valor total estimado do tesouro recuperado estima-se em 400 milhões de dólares. Isso gerou até uma longa batalha judicial com o Estado de Massachusetts. A decisão deu a Barry Clifford o direito ao naufrágio em si e todo o seu conteúdo. 

O que aconteceu com o tesouro? Barry abriu seu próprio museu! 

Clifford recuperou sino do navio em que estavam as palavras “O Gally Whydah 1716”.

Até o momento, Barry nunca vendeu um único item da coleção, a maioria dos quais é mantido em uma instalação privada. No entanto, algumas peças incríveis podem ser vistas  pelo público no WHYDAH PIRATE MUSEUM  em West Yarmouth, em Massachusetts. O Whydah foi o único navio pirata encontrado nos mares dos EUA, um dos maiores navios negreiros da história e essa incrível história também gerou um livro escrito pelo pesquisador.

 Atualmente, continuam as pesquisas e recentemente foram encontradas algumas ossadas incrustadas em recifes, exames de DNA estão sendo realizados. Já foi identificado os despojos de um adolescente que fazia parte da tripulação, seu código genético é compatível com o dos povos do mediterrâneo. 

André Luiz S. Marinho

(Contramestre de capoeira Angola e pesquisador de cultura popular) 

Veja mais em:

@bondeangola

Facebook  – André Marinho

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